quinta-feira, 25 de junho de 2009

MESTRE MORAIS


O Mestre Juvenal foi um dos vários mestres que defendeu a Capoeira Angola com a garra de quem defende a própria vida. Aluno do Mestre Samuel Querido-de-Deus, a quem comparava a "um onça"(sic) devido à extrema agilidade daquele. Estivador, como a maioria dos antigos capoeiristas, aproveitava as horas de descanso, após as refeições, na beira do cais para exercitar-se, e aos colegas que quisessem se iniciar na nobre arte.Quando entrevistado pelo repórter Cláudio Tavares, da revista "O Cruzeiro", em 1948, afirmou ser a capoeira a "sua cachaça", não esquecendo de destacar a Capoeira Angola, "para destacar da Regional de Mestre Bimba" conforme interpretação do repórter.Mestre Juvenal já não se comportava mais como os tipos de capoeiristas angoleiros, contemporâneos do memorialista Manuel Querino: "[...] pernóstico,excessivamente loquaz, de gestos amaneirados, tipo completo e acabado do capadócio e o introdutor da "capoeiragem" na Bahia". Por força da dinâmica cultural e social, Juvenal já não atendia àquelas características apresentadas por Querino. Cultivava características do seu tempo: musculoso, delgado, mas ágil e elástico,também loquaz e amaneirado. Conforme Tavares, não era um malandro, nem um profissional exclusivo de capoeira, que pudesse ser contratado para qualquer "servicinho" a mando dos grandões. Como outros capoeiristas da época, Juvenal era um trabalhador, um estivador que passava as horas do dia e até da noite no "pesado". Será que essa situação unia mais a capoeira ao capoeirista? Não sei.Juvenal orgulhava-se do mestre que lhe ensinou os segredos de uma capoeira que "tem golpes para aplicar em qualquer adversário, estando solto ou segurado o angoleiro".

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