quinta-feira, 25 de junho de 2009

MESTRE CURIO DICIPULO DE PASTINHA


Jânio Martins dos Santos, o Mestre Curió nasceu em 1937, em Candeias, interior da Bahia e desde os seis anos de idade pratica a Capoeira de Angola. Em Salvador deu aulas na Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos do Mestre Curió, no Pelourinho, e no Instituto Araketu. Já foi também dirigente da Associação Brasileira de Capoeira Angola.Na Capoeira de Angola, além da técnica dos golpes e movimentos, é de fundamental importância a transmissão de valores essenciais, como a humildade e o respeito. E é nesse sentido que Mestre Curió vem desenvolvendo um trabalho com crianças da comunidade de Colina do Mar, localizada no Subúrbio Ferroviário. Veja a entrevista do Mestre, publicada na revista Viva Salvador da Fundação Gregório de Mattos, em 2005:"A capoeira foi criada como dança, como movimento de defesa. Nunca encarei a capoeira como atividade marginal, mas como uma forma de arte. O capoeirista é o artista do nosso povo, do povo negro. E o artista negro ainda sofre uma opressão silenciosa em Salvador. Enfrentei muitas dificuldades desde criança, mas nem por isso me marginalizei. Hoje ajudo a tirar crianças da marginalidade. Quando você pega uma criança, e mostra a ela o valor da cultura negra, ensina uma ocupação, uma arte, o resultado é uma satisfação. Não existe maior recompensa do que quando você tem uma criança infratora, por exemplo, e ajuda a tirá-la do mundo das drogas."

MESTRE CURIO




MESTRE CURIÓ





Mestre Curió


Jaime Martins dos Santos, discípulo de Pastinha nascido
em 1939, continua ensinando e difundindo a capoeira angola.
"Capoeira é arte, dança, malícia, filosofia, malandragem, teatro, música coreografia e não violência. Só passa a ser perigosa na hora da dor…"
"Existem muitas partes da mandinga, existem a mandinga da magia negra e a mandinga da malícia do capoeirista, quando ele se diz realmente capoeirista . Mandinga é isso, é sagacidade, é você poder bater no adversário e não bater , você mostra que não bateu porque não quis."
"O aluno é reflexo do mestre e o mestre e reflexo do aluno"
"O aluno não compete com o mestre e o mestre que se respeita não compete com o aluno"
"Para mostrar que é bom o capoeirista não precisa bater"
"Morro e dou a minha alma pela capoeira"
"Meu pai sempre me ensinou que a gente não deve ensinar tudo o que sabe, porque senão, os alunos vão embora"para nascer pois sou de sete meses."
"Tem pessoas que são grandonas, fortes, fazem três anos de capoeira e já se autodenominam mestres. Para alguns deles o avião é o que os forma como mestres, quando chegam a outro país dizem eu sou mestre e como ninguém lhes conhece, acreditam neles. Essas pessoas lesam a consciência da gente."
"Eu tenho 56 anos de capoeira e ainda não sei nada; meu pai tem 102 anos e ainda diz que não sabe. Tem "doutores" que tem
"Capoeirista é calmo. Divagar para o angoleiro ainda é pressa. Eu só tive pressa 5 anos de capoeira e falam que já conhecem "as duas"."

MESTRE MORAIS


O Mestre Juvenal foi um dos vários mestres que defendeu a Capoeira Angola com a garra de quem defende a própria vida. Aluno do Mestre Samuel Querido-de-Deus, a quem comparava a "um onça"(sic) devido à extrema agilidade daquele. Estivador, como a maioria dos antigos capoeiristas, aproveitava as horas de descanso, após as refeições, na beira do cais para exercitar-se, e aos colegas que quisessem se iniciar na nobre arte.Quando entrevistado pelo repórter Cláudio Tavares, da revista "O Cruzeiro", em 1948, afirmou ser a capoeira a "sua cachaça", não esquecendo de destacar a Capoeira Angola, "para destacar da Regional de Mestre Bimba" conforme interpretação do repórter.Mestre Juvenal já não se comportava mais como os tipos de capoeiristas angoleiros, contemporâneos do memorialista Manuel Querino: "[...] pernóstico,excessivamente loquaz, de gestos amaneirados, tipo completo e acabado do capadócio e o introdutor da "capoeiragem" na Bahia". Por força da dinâmica cultural e social, Juvenal já não atendia àquelas características apresentadas por Querino. Cultivava características do seu tempo: musculoso, delgado, mas ágil e elástico,também loquaz e amaneirado. Conforme Tavares, não era um malandro, nem um profissional exclusivo de capoeira, que pudesse ser contratado para qualquer "servicinho" a mando dos grandões. Como outros capoeiristas da época, Juvenal era um trabalhador, um estivador que passava as horas do dia e até da noite no "pesado". Será que essa situação unia mais a capoeira ao capoeirista? Não sei.Juvenal orgulhava-se do mestre que lhe ensinou os segredos de uma capoeira que "tem golpes para aplicar em qualquer adversário, estando solto ou segurado o angoleiro".

LADAINHA PRINCESA ISABEL

Princesa Isabel nas músicas da capoeira
Isabel, princesa portugesa que assinou
a Lei Áurea, abolindo escravidão no Brasil no ano 1888 enquanto a corte real estava instalada no país, aparece em várias músicas da capoeira. Talvez a mais notável seja essa ladainha, escrita por Mestre Toni Vargas:
Iê!Dona Isabel que história é essa De ter feito a abolição De ser princesa boazinha Que acabou com a escravidão Tô cansado de conversa Tô cansado de ilusão A abolição se fez com sangue Que inundava esse pais Que o negro transformou em luta Cansado de ser infeliz Abolição se fez bem antes E ainda há por se fazer agora Com a verdade da favela Não com a mentira da escola Dona Isabel chegou a hora De se acabar com essa maldadeDe se ensinar aos nossos filhos O quanto custa a liberdade Viva Zumbi, nosso gueirreiro Que fez-se herói lá em Palmarés Viva a cultura desse povo A liberdade verdadeira Que já corria nos quilombos E já jogava capoeira, camaradinha!

mestre lua rasta


Iê…Vou entrar numa igrejaVou entrar numa igreja, colega velhoVou fazer minha oraçãoVou pedir benção ao padreNosso Senhor o meu perdãoPara ser bom angoleiro, oi iaiáE não dá meu golpe em vãoSe o vento vir mais forteSe o vento vir mais forteNão poder me balançarMas também se eu cair, ai meu DeusPra aprender se leventar, camará

Mestre Waldemar da Piedade


Nombre: Waldemar Rodrigues da PaixãoPais: BrasilCiudad: SalvadorFecha de nacimiento: 22-02-1916Defuncion: 00-00-1990Origen: Mestre Ricardo de Cais do Porto, Talabi, Siri de Mangue, Canário Pardo
1) Mestre Waldemar, Waldemar Rodrigues da Paixão, mestre de capoeira baiano (Ilha de Maré, Bahia 1916 – Salvador, Bahia 1990) também conhecido como Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero Vaz, dos nomes do bairro e da rua onde implantou sua capoeira.

A fama de Waldemar como capoeirista e mestre de capoeira aparece nos anos 1940. Ele implanta um barracão na invasão do Corta-Braço, futuro bairro da Liberdade, onde joga-se capoeira todos os domingos, também ensinando na Rampa do Mercado na Cidade Baixa. Fica conhecida a diversidade dos jogos que ele pratica, dos mais lentos aos mais combativos, com afirmada preferencia para os primeiros.

Durante os anos 50, a capoeira dele na Liberdade atrai acadêmicos, artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds em 1950 e Simone Dreyfus em 1955 gravam o som dos berimbaus. O esculpidor Mário Cravo e o pintor Carybé, também capoeiristas, freqüentam o barracão. Mais tarde, a maior parte dos capoeiristas de nome afirmam ter ido na capoeira de Waldemar, na de Mestre Cobrinha Verde no bairro de Nordeste de Amaralina et na de Mestre Bimba.

De acordo com Albano Marinho de Oliveira (1956), o grupo da Liberdade começou a cantar demorados solos antes do jogo (hoje chamados ladainhas). O próprio Waldemar revindicou, em depoimento a Kay Shaffer, ter inventado de pintar o berimbau. A fabricação e venda para os turistas de berimbau foi uma fonte de renda para mestre Waldemar.

Waldemar, como bom capoeirista, andou na sombra. Ficou discreto sobre suas atividades e breve em sua fala. Mal existem fotos dele antes de velho. Não procurou a fama e, apesar de seu notado talento de cantor e de tocador de berimbau, não integrou muito o mercado de espetáculo turístico. Também, a música que se escuta nas gravações de 1950 e 1955 é coletiva, sempre tendo, ao menos, um dialogo de dois berimbaus. Assim, Jorge Amado menciona Mestre Traíra, também da Liberdade, como assíduo visitante de Waldemar.

Velho e impossibilitado de jogar capoeira e de tocar berimbau pela doença de Parkinson, Waldemar ainda aproveitou um pouco do movimento de resgate das tradições dos anos 1980, cantando em diversas ocasiões e gravando CD com Mestre Canjiquinha.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
www.wikipedia.org


2) Mestre Waldemar (1916 – 1990)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

MUSÍCAS DE CAPOEIRA


Gunga é meu
Gunga é meu,
gunga é meu Gunga é meu,
é meu, é meu Gunga é meu,
gunga é meu Gunga é meu, foi papai que me deu
Gunga é meu, gunga é meu
Gunga é meu eu n‹o dou a ninguem
Gunga é meu, gunga é meu
Avisa meu mano
Avisa meu mano, avisa meu mano
Avisa meu mano, capoeira mandou me chamar
Avisa meu mano, avisa meu mano
Avisa meu mano, capoeira mandou me chamar
Capoeira é luta nossa, da era colonial
é nasceu foi na Bahia, Angola eRegional
Avisa meu mano, avisa meu mano
Avisa meu mano, capoeira mandou me chamar
Dona Maria, como vai você
Como vai você, como vai você
Dona Maria, como vai você
Joga bonito que eu quero ver
Dona Maria, como vai você
Joga com calma que eu quero aprender
Dona Maria, como vai você
Esse jogo é Capoeira, n‹o é karate
Dona Maria, como vai você
Parana ê
Vou dizer minha mulher,Paraná
Capoeira me venceu, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
Ela quis bater pé firme, Paraná
Isso n‹o aconteceu, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
Oh Paranáuê, Paraná
Paranáuê, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
Assim dera que o morro,Paraná Se mudou para a cidade,Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
é batuque todo dia, Paraná
Mulata de qualidade, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
Vou mimbora pra Bahia, Paraná
Eu aqui n‹o fico n‹o, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
Se n‹o for essa semana, Paraná
é a semana que vem, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
Dou no escondo a ponta, Paraná
Ninguem sabe desatar, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná
Eu sou brao de maré, Paraná
Mas eu sou maré sem fim, Paraná
Paraná ê, Paraná ê, Paraná

MESTRE ZUMBI


Zumbi o Rei Guerreiro de PalmaresZUMBI nasceu livre em qualquer ponto dos Palmares, em 1655. Talvez no começo do ano, quando a água nas cisternas é pesada e morna; talvez no meio ou no fim, quando o chão está coberto de buritis podres.Um dia saberá bastante sobre ele. Milhares de documentos amarelos, difíceis de ler, guardam a história do preto pequeno e magro que venceu mais batalhas do que todos os generais juntos da Histório Brasileira terrível às cercanias de Porto Calvo. Diziam outros que a moça lhe fora ao encontro de próprios pés; terceiros, que era herdeira de família senhorial extraviada nas brenhas vizinhas de Palmares. Até aqui, os papéis amarelados, de sintaxe arrevesada, não disseram sim ou não à legenda romântica.Tudo começou com um Brás da Rocha que atacou Palmares em 1655 e carregou, entre presas adultas, um recém-nascido. Brás o entregou, honestamente, como era do contrato, ao chefe de uma coluna, e este decidiu fazer um presente ao cura de Porto Calvo. Padre Melo achou que devia chamá-lo "Francisco".Não podia, naquele momento, adivinhar que se afeiçoaria ao pretinho.Se pode imaginar que não foi das piores a infância de Francisco. O padre talvez o batesse, como mandava a época, mas não lhe faltou alimento e remédio. "Quem dá os beijos, dá os peidos", dizia o povo. Padre Melo achava Francisco inteligentíssimo; resolveu desasná-lo em português, latim e religião. Talvez olhasse com orgulho o moleque passar com o turíbulo, repetir os salmos.Francisco apreciava, certamente, histórias da Bíblia. Havia esta, por exemplo: Um sacerdote de nome Eli, velho e piedoso, aceitou na sua casa um menino chamado Samuel. Samuel ouviu que lhe chamavam "Samuel! Samuel!" isto foi antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do Senhor: ali dormia a Araca de Jeová.Samuel foi até o quarto de Eli: "O senhor me chamou? Estou aqui..."; "Não te chamei, filho" - respondeu o velho - "Torna-te a deitar." Na terceira vez, Eli compreendeu de quem era a voz "Vai te deitar, e quando te chamarem de novo responde: Fala, porque o teu servo ouve." Assim fez, e a voz queria que ele a seguisse; e deixou um recado para o sacerdote: que julgaria a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque fazendo-se os seus filhos indesejáveis, não os repreendeu.Numa noite em 1670, ao completar quinze anos, Francisco fugiu. Aos quinze anos deixaria a liberdade e o conforto de Padre Melo para voltar a Palmares. Aos vinte e três anos recusou a paz que Ganga Zumba firmara com os brancos, paz que lhe garantia a liberdade pois nascera em Palmares. Aos vinte e cinco anos, incompletos, fechou, enfim, a última porta: continuaria em Palmares para combater.Zumbi dos Palmares foi por muito tempo - até hoje no Brasil - recordista de vitórias militares.Zumbi lidorou Palmares por muitos anos. Guerreiro imbatível, venceu mais batalhas do que todos os generais juntos, da História Brasileira. Zumbi tinha uma grande diferença desses generais, que combatiam para conquistar territórios ou para escravizar. Zumbi lutava para sobreviver e não ceder à escravidão. Zumbi é o maior símbolo de resistência de nossa história. O QUILOMBO DE PALMARES resistiu aos ataques das expedições mandadas pelos seus governadores da época, quase por um século, vindo a ser destruído em 1694, pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, o qual já era exímio caçador e assassino de índios, não se sabendo quantos mil índios este homem matou, sabendo que ele partiu contra Palmares, com toda fúria e ira, com seus canhões cuspindo fogo. Seus soldados massacrando mulheres e crianças sem um pingo de compaixão. Zumbi e seus guerreiros lutavam como nunca, pois esta era a batalha final. Zumbi lutou até o último momento, mas foi impossível vencer os canhões de Domingos Jorge Velho.Zumbi vendo a batalha perdida, fugiu para tentar construir um novo Palmares, mas um ano mais tarde, foi traído, vindo a ser morto nas brenhas da Serra Dois Irmãos por volta de cinco horas da manhã de 20 de novembro de 1695.Seu corpo foi esquartejado, sua cabeça ficou exposta em uma praça em Recife para servir de exemplo para aqueles que quisessem resistir a escravidão.Morreu, mas não se entregou ao cativeiro. E a cultura afro-brasileira está mais forte do que nunca, como a Capoeira, o Maculelê, a dança afro, o samba e muitos outros segmentos.A Capoeira foi registrada por alguns na história do Quil;ombo de Palmares, por isto acreditamos que em cada movimento ou gesto da cultura afro-brasileira, Zumbi renasce.A Capoeira é a luta de resistência, é uma luta de quebra de preconceitos. A Capoeira traz uma magia, que encanta pessoas de todas as raças e classes sociais, fazendo com que elas se integrem e construam um mundo sem preconceitos e discriminações. Era por isto que Zumbi lutava não só por liberdade, mas também por igualdade. E a Capoeira traz esta proposta, e é por isto que é impossível falar de Capoeira sem falar neste baluarte da nossa História Brasileira.A última chanceDomingos, comandante do exército colonial, nunca tinha visto nada parecido em toda sua vida. Custava a crer que fosse obra de negros.Entre o verde do mato e o azul puríssimo do céu - numa extensão semi-circular de cinco quilómetros e meio - se erguia a escura muralha de troncos e pedras. Dez homens, um de pé no ombro do outro, não tocariam sua borda. Olhando melhor se descobria que não era uma, mas três muralhas - e tinha redentes, guaritas, quebrava em diversos lugares, abria torneiras para atiradores a cada dois metros.Domingos ordenou que batedores se aproximassem; caíram nos fossos que circundavam a fortificação e agonizavam agora, estrepados em puas de ferro que entravam pela virilha e saiam na garganta. Um dos subcomandantes lhe deu, então, a idéia de construir contracercas de proteção, enquanto traçavam o planal final de ataque.Foram erquidas, de troncos de árvores, rapidamente - cada uma com quinhentos metros. Na antemanhâ de 23 de janeiro, mal se aquietou a lúgubre orquestra de sapos. Somente um capitão, com cinquenta homens, conseguiu sob uma chuva de flechas e balas encostar na muralha palmarina, atacando-a com machados. Os quilombolas, lá do alto, lhes abriam as cabeças com pedregulhos enormes, pescando os sobreviventes a gancho, pelas costas.Fracassado o assalto, Domingos temeu pela própria segurança do seu acampamento. Mandou buscar reforços no Recife; vieram cerca de duzentos homens e seis canhões. Inútil, mesmo sob proteção das contracercas, a distância continuava demasiada para o alcance dos canhões. Os pelouros caíam murchos, como bexigas de brinquedos, em terra de ninguém.Na noite de 5 de fevereiro, a raiva de Jorge Velho cedeu vez à inteligência. Ela se sentou na rede, chamou os subcomandantes e traçou com um graveto, no chão, a única saída.Imediatamente ordenou que começassem, em silêncio, a construção desta nova contrcerca, oblíqua à muralha palmarina. Deviam levá-la até encostar no grande precipício esquerda do Macaco, tão rápido que tivesse pronta a clarear do dia seguinte. Então, veriam aqueles negros do diabo.Quando, no meio da noite, Zumbi de Palmares descobriu o ardil de Jorge Velho, sua primeira providêia foi executar o sentinela que não dera o alarme.O desespero, talvez mais que a raiva, explica essa violência miúda no turbilhão de uma guerra total. Zumbi de Palmares estava mais uma vez encurralado e com uma única chance de escapar. Até quando teria que jogar aquele jogo sem fim? Há pelo menos 25 anos, ele, pessoalmente, ganhava e perdia batalhas. A guerra tinha, no entanto, cem anos - desde que aquele punhado de negros incendiou a fazenda do amo, no sul de Pernambuco, e se abrigou na Serra, fundando Palmares.Zumbi juntou os comandantes e oficiais.Possivelmente, então, lhes confessou o fracasso do plano que urdira, atrair o exército colonial em peso para uma grande batalha às portas da capital e massacrá-lo. Se perdessem, os sobreviventes poderiam recomeçar em outro lugar - eles seriam o novo Palmares. Se vencessem, o governo colonial ficaria de tal forma fraco e demoralizado que aceitaria Palmares como nação soberana. Em qualquer dos casos, Palmares viveria.Na beira do abismo, do lado ocidental da fortificação, restava uma passagem que o inimigo não tivera tempo de fechar.Por ali sairiam os guerreiros - somente os guerreiros, sem mulheres e crianças - rápidos e mudos. Recompostos em algum ponto, recomeçariam a guerra.Quando passaram os últimos, porém, rolaram pedras. Um mameluco abriu fogo sobre eles. Sem saber se combatiam ou escapavam, os guerreiros palmarinos se entrecochavam. Foi o pânico.Perto de duas centenas despencaram pela cratera sem fundo.Jorge Velho não quis persegui-los. A caça melhor estava dentro. Mandou os canhões cuspirem fogo contra a cidadela. Pelos escombros da formidável parede, a multidão de índios, mamelucos e soldados finalmente penetrou em Palmares.Na sua fúria nada deixaram de pé ou inteiro.Isto foi apenas um resumo da história de Zumbi de Palmares. Comemoramos o 20 de novembro, não como a morte de Zumbi, mas sim como a verdadeira abolição da escravatura .

quarta-feira, 17 de junho de 2009

CAPOEIRA PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO



Capoeira, patrimônio cultural brasileiro
Coletânea de textos publicados na revista e no site
Considerada, no passado, uma atividade marginal, a capoeira foi registrada em 15 de julho de 2008, patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Iphan.
Não se trata de um tombamento, como ocorre com prédios históricos, mas de um registro que embasará o desenvolvimento de políticas públicas, como a permissão para que mestres de capoeira possam exercer a profissão sem o diploma de educação física, hoje obrigatório, e a criação de uma aposentadoria para mestres.
Veja o que a Revista História da Biblioteca Nacional e este site já publicaram sobre a capoeira:

MESTRE LEOPODINAO ETERNO



Mestre Leopoldina, o eterno
Demerval Lopes de Lacerda (12/02/1933 - 17/10/2007)
Marina Lemle
Foto de Flavio Borges Mestre Leopoldina se foi. Partiu em 17 de outubro, em São José dos Campos, São Paulo.Figura histórica da capoeira, preto retinto em seu terno branco, elegância pura. O próprio malandro carioca, com senha e cartão magnético abrindo portas do cais do porto à Cidade de Deus, de Santa Tereza ao Baixo Gávea.Foi aluno dos mestres Quinzinho e Artur Emídio. Dizia ter sido contramestre de Zumbi no Quilombo dos Palmares, amante da princesa Isabel e chefe da guarda negra. Alguém desmente?Para nós, era uma entidade encarnada que curtia estar conosco, jogar capoeira e beber cerveja.Aquela armada puladinha, aquele olhar pro outro lado... ele fazia a graça, mas você é que era o brinquedo dele.Como disse o amigo Braun: "O Cais Dourado de Aruanda deve estar em festa até hoje, com ele jogando daquele jeito engraçado e cheio de malícia, todo na beca, com aquela gingada, saindo de rolê, parando em pé, olhando pro lado e soltando a benção, lembra?"Claro. Nunca duvidei de que fosse eterno.Marina Lemle, jornalista e capoeirista, é autora da monografia "A Capoeira nas Voltas do Mundo - Na Roda, o Grupo Senzala
".

DOLENÇO DA CEDA A CALÇA DE GINASTICA












Do lenço de seda à calça de ginástica
Mestre Gil Velho explica as semelhanças e diferenças entre as maltas cariocas e as gangues pernambucanas no século XIX e reflete sobre a perda de personalidade sócio-cultural da capoeira
Gil Cavalcanti (Mestre Gil Velho) *
Ainda hoje, muito se discute sobre as origens da capoeira. Mas as perspectivas do debate estão atreladas aos diversos discursos que vestem sua imagem moderna, a esportiva. Parte-se de idéias construídas, e não de práticas sociais espontâneas.
A capoeira carioca está historicamente imbricada às maltas de capoeiras da cidade e à “filosofia da malandragem carioca” dos anos 1800. A baiana, por sua vez, está ligada à cultura negra baiana e especificamente ao candomblé. No Recife, ela se manifesta nas gangues de rua Brabos e Valentões.
Para analisarmos a essência da capoeira, temos que voltar no tempo e considerar o contexto da realidade sócio-cultural de espaços com registros identitários e territoriais dela. Neste olhar, destacam-se dois loci: Rio de Janeiro e Recife. Estes dois centros urbanos eram, no século XIX, os maiores pontos de comunicação com o resto do mundo, onde mais circulava gente, idéias, comércio. As zonas portuárias permitiam a troca de idéias entre nichos sócio-culturais semelhantes.
No século XIX, diversos movimentos ligados ao universo portuário apresentaram formas de organização identitária e territorial semelhantes. Eram as gangues de rua, movimentos sociais anárquicos que tinham como ponto de conexão o porto.
O Rio de Janeiro era a capital que tinha aberto seu porto. E Recife representava a face revolucionária da colônia, com suas insurreições contra o absolutismo português, como a revolução de 1817, um ensaio para a independência, cinco anos depois.
A capoeira do século XIX, no Rio, com as maltas de capoeira, e em Recife, com as gangues de rua dos Brabos e Valentões, foram movimentos muito semelhantes aos das gangues de savate (boxe francês) em Paris e das maltas de fadistas de Lisboa do século XIX. A semelhança pode ser constatada, por exemplo, no vestuário – lenço de seda no pescoço – ou no instrumental de combate – navalha, porrete, bengala etc. O que mais chama atenção, no entanto, é que os gestuais dessas lutas também são parecidos, ou seja, os golpes usados na aguerrida comunicação gestual eram análogos.
Por outro lado, as perspectivas identitárias e territoriais próprias dão a cada movimento sua sócio-fronteira, com espaços personalizados dos atores em seus próprios contextos sócio-culturais. A capoeira marca sua presença em grupos de sócio-fronteiras a partir de meados do século XIX, no Rio de Janeiro com as maltas e no Recife com as gangues. Nessas cidades, os grupos disputavam os espaços demarcados identitariamente e tinham suas próprias manifestação rítmicas.
As maltas eram confrarias cujos nomes variavam de acordo com a localidade em que se estabeleciam – seus espaços de sócio-fronteiras. A malta da freguesia de Santana, por exemplo, chamava-se “Cadeira da Senhora”, a de Santa Rita era conhecida como “Três cachos” ou “Flor da Uva”, a do bairro de São Francisco, “dos Franciscanos”, a da Glória, “Flor da Gente”, a da Lapa, “Espada”, e a do Campo da Aclamação era chamada de “Lança” ou “malta de São Jorge”.
Estas maltas dividiam-se em dois grupos (“nações”) rivais: os Nagoas e Guaiamus. Tinham seus sinais característicos e suas saudações típicas, assim como juramento e preces faziam parte de seu ritual. Participavam de todas as manifestações cívicas e festas populares e eram vistas durante as paradas, precedidos pelos caxinguelês (aprendizes), que vinham gingando à frente dos batalhões durantes as paradas.
No Recife, os grupos de capoeira se organizavam de forma semelhante, porém mais atrelados às manifestações rítmicas. As bandas militares foram as primeiras organizações rítmicas absorvidas pelos espaços iniciais de sócio-fronteiras da capoeira. A partir das Bandas do 4º Batalhão de Artilharia e o Hespanha, do Corpo da Guarda Nacional, os grupos criam duas unidades sócio-fronteiriças: O Partido do 4º ou “Banha Cheirosa” e o partido Hespanha ou “Cabeças Secas”.
A partir desta perspectiva identitária territorial, a capoeira pernambucana travou verdadeiras batalhas através de suas pernadas, sua ginga solta, aliadas à bengala, ao porrete, à navalha, à faca etc. Dos espaços rítmicos, o frevo – ritmo proveniente dessas estruturas de bandas e o passo da aguerrida comunicação dos capoeiras – era a última de suas brincadeiras.
A perda da identidade social
A capoeira do século XIX morre com o advento da República, tanto no Rio e como no Recife. Inimiga da capoeira, ela chega com uma proposta de reformas sociais e urbanas, criticando a organização e a expressão popular da sociedade brasileira, principalmente no que diz respeito à mestiçagem étnica e cultural. Sua proposta alternativa seria baseada no modelo cultural europeu republicano e qualquer coisa que estivesse fora desses princípios era desconsiderada.
Sob influência do positivismo europeu, a república introduz mudanças que alteraram a estrutura do espaço cultural carioca. Entre essas, estava a alteração da forma da malha urbana, com a destruição do morro do Castelo e a introdução sobre a nova geoforma de uma estrutura arquitetônica semelhante ao centro da cidade parisiense – largas avenidas, ruas ventiladas e arborizadas. Este processo é associado à imposição de hábitos culturais visando à melhoria da qualidade de vida da cidade, que naquele momento sofria de uma série de males produzidos pelo baixo padrão de infra-estrutura de saneamento.
Essas mudanças alteraram os nichos e a geografia culturais da cidade. Espaços de expressões culturais foram perdidos, desarticulando a forma de organização urbana e quebrando a dinâmica interativa das comunidades que a compunham. Assim, com a alteração de elementos essenciais do contexto social da capoeira, o processo que a personalizava se alterou. Desaparecidas, as maltas são substituídas pela solitária figura do malandro. Malandro é um indivíduo e a malta, um grupo social.
A capoeira das maltas do Rio e dos Brabos do Recife foi desmobilizada em menos de dois anos. Toda uma história de mais de quarenta anos se desfez.
A capoeira esportiva
Quando o universo interpretativo da origem e identidade da capoeira muda, há uma ruptura da capoeira como movimento social. Nasce uma capoeira sem identidade social, construída a partir dos discursos intelectuais, tanto o carioca como o baiano.
A capoeira atual tem toda sua construção relacionada aos discursos nacionalistas do final do século XIX e começo do XX, em duas linhas básicas: a capoeira carioca, com sua “ginástica nacional”, e a baiana, com seu “projeto regional”.
A ginástica nacional, descrita por Aníbal Burlamaqui em seu livro “Gymnastica Nacional (capoeiragem) Methodizada e Regrada”, herdeira das maltas e da malandragem, é representada por Sinhozinho, que ensina a “capoeira de sinhô” – uma capoeira para briga de rua a partir de 1930, usada por Madame Satã e os malandros da Lapa.
A capoeira regional, de Mestre Bimba, ligada ao candomblé e outras manifestações culturais negras da Bahia, está nos romances e personagens de Jorge Amado: há valentões e desordeiros e também jogadores mais lúdicos, como Samuel Querido-de-Deus.
O discurso da luta regional, auxiliado pela construção do método de Bimba, se estabelece como hegemônico. Talvez a falta de uma origem como movimento social da capoeira em Salvador tenha facilitado a construção desta proposta de capoeira, que chega aos dias de hoje e espalha-se pelo mundo todo.
Mas, fruto de uma construção racionalizada, essa capoeira contemporânea, esportiva, esconde a fragilidade da falta de uma personalidade sócio-cultural.
* Gil Cavalcanti, o Mestre Gil Velho, geógrafo, é coordenador do Projeto Memorial da Capoeira Pernambucana, do Programa Capoeira Viva, do Ministério da Cultura, 2008

A DANÇA DA ZEBRA



A dança da zebra
As semelhanças são impressionantes. Será que foi do ‘n'golo’, jogo de combate angolano, que nasceu a nossa capoeira?
Matthias Röhrig Assunção e Mestre Cobra Mansa
A origem da capoeira sempre foi controvertida. Mestre Pastinha (1889-1981), um dos mais famosos capoeiristas da Bahia, durante muito tempo pensou que a ginga que aprendera desde criança provinha de uma mistura do batuque angolano e do candomblé dos jejes, africanos da Costa da Mina, com a dança dos caboclos da Bahia. Mas, por falta de mais conhecimentos, não podia ir muito além dessa afirmação.Isso até a década de 1960. Foi quando uma revelação mudou completamente suas idéias sobre as origens da capoeira. À frente de sua academia, situada no Pelourinho, em Salvador, Pastinha recebeu a visita de um pintor vindo de Angola. Chamava-se Albano Neves e Sousa e afirmava que tinha visto na África uma dança semelhante ao tipo de capoeira que o mestre baiano ensinava. Só que lá chamava-se n’golo.Até então, ninguém por aqui tinha ouvido falar de nada semelhante. A memória oral não registrava nenhuma prática ancestral específica. Muitos afirmavam, e continuam afirmando, que a capoeira teria sido inventada pelos escravos nas senzalas. Outros, que teria sido criada pelos quilombolas em sertões distantes. Estudiosos têm ressaltado o caráter urbano da capoeira, pois as fontes do século XIX só documentam sua prática por escravos africanos e crioulos (negros nascidos no Brasil) em cidades portuárias, como Rio de Janeiro e Salvador. Naquela época, era uma “brincadeira” proibida, e a grande maioria dos africanos presos por “jogar” capoeira no Rio de Janeiro era originária da África centro-ocidental, das “nações” Congo, Angola e Benguela. Em Salvador, a capoeira também era identificada como uma “brincadeira dos negros angola”. Por essa razão, faz realmente sentido buscar as raízes da capoeira na região dos atuais Congo e Angola.O n’golo, explicou Neves e Sousa ao velho capoeirista, é dançado por rapazes nos territórios do sul de Angola, durante o ritual da puberdade das meninas. Chamado de mufico, efico ou efundula, esse ritual marca a passagem da moça para a condição de mulher, apta a namorar, casar e ter filhos. É uma grande festa em que se consome muito macau, bebida feita de um cereal chamado massambala. O objetivo do n’golo é vencer o adversário atingindo seu rosto com o pé. A dança é marcada pelas palmas, e, como na roda de capoeira, não se pode pisar fora de uma área demarcada. N’golo significa “zebra” e, de fato, alguns movimentos, em particular o golpe dado pelo pé, de costas e com as duas mãos no chão, parecem mesmo com o coice de uma zebra. Os registros e a argumentação de Albano eram bastante convincentes. Se os africanos escravizados nas Américas lograram, apesar de condições terrivelmente adversas, adaptar suas religiões e seus rituais, assim como suas festas e danças de umbigadas, não seria lógico que também trouxessem para cá seus jogos de combate e suas artes marciais? Sabe-se que os exércitos congolês e angolano eram formados por guerreiros exímios na luta corporal. Vários cronistas destacaram a habilidade com que eles evitavam golpes, jogando o corpo para o lado de maneira imprevisível e confundindo o adversário.Ainda que muitos dos africanos escravizados conhecessem as artes da guerra, a maioria se dedicava à agricultura ou à pecuária antes de ser aprisionada e embarcada à força para as Américas. Os povos pastores de Angola, em particular, por causa da necessidade de proteger o gado que tangiam contra eventuais gatunos, desenvolveram técnicas de combate individuais, sabendo manejar paus e outras armas contundentes contra os inimigos.Os cronistas coloniais não forneceram descrições pormenorizadas das técnicas nem dos rituais desses antigos jogos de combate, o que torna impossível qualquer tentativa de aproximá-los da capoeira como hoje a conhecemos. Os significados culturais desses rituais também mudaram ao longo dos séculos, acompanhando a intensa transformação socioeconômica e cultural por que passou a África a partir do século XVII. Até as fronteiras étnicas foram redesenhadas antes que se chegasse à configuração atual. Assim, todas as manifestações que porventura existem hoje em Angola são expressões contemporâneas, e só têm relações tênues com os jogos de combate do tempo do tráfico negreiro.Infelizmente, Mestre Pastinha (ver box), por ocasião da visita de Albano Neves e Sousa, já estava com a vista comprometida por uma catarata – aliás, nunca operada por falta de recursos. Isso limitava muito qualquer plano seu de divulgar a recente descoberta. Chegou a contar a história que ouviu para seus alunos mais próximos, mas não deixou nenhum registro escrito sobre o n’golo. Nem seu livro Capoeira Angola, publicado pela primeira vez em 1964, nem seus diversos manuscritos, por serem anteriores ao encontro com o pintor luso-angolano, mencionam a “dança da zebra”. Mas Albano Neves e Sousa conseguiu convencer outros brasileiros de sua teoria, entre eles o então presidente da Sociedade Brasileira de Folclore, Luís da Câmara Cascudo (1898-1986).De volta a Angola, Neve e Souza organizou, em 1966, a exposição “...Da minha África e do Brasil que eu vi...”, com o material de suas viagens aos países de língua portuguesa dos dois lados do Atlântico, apontando semelhanças entre expressões culturais africanas e dos negros brasileiros. No prefácio do catálogo da exposição, Câmara Cascudo mencionava que o pintor “viu a ginástica do n’golo, batizada em ‘capoeira’”. O renomado folclorista seria o primeiro a divulgar no Brasil a teoria do n’golo como luta ancestral da capoeira. Ele conhecera Albano Neves e Sousa durante uma viagem a Angola em 1963, e daí nasceu uma amizade cultivada por correspondência durante muitos anos.Depois de sua viagem ao Brasil e de seu encontro com a capoeira, o pintor explicou a Cascudo, numa longa carta, suas idéias sobre as origens dessa arte. O folclorista potiguar encampou a teoria, tanto que citou longos trechos da carta do pintor no seu livro Folclore do Brasil (1967) e incorporou a explicação no seu Dicionário de Folclore (1972, 3ª ed.). Baseado nas informações fornecidas pelo amigo, Cascudo deu mais detalhes sobre a dança da zebra e sua trajetória até se transformar em capoeira. Explicou que o n’golo seria típico entre os povos pastores do sul de Angola. O ritual era precedido por uma luta de mãos abertas, a liveta. O jovem que ganhasse no n’golo teria o direito de escolher sua noiva entre as meninas recém-iniciadas, sem ter de pagar dote. Cascudo sugeriu que o n’golo teria chegado ao Brasil através do porto de Benguela.Aqui, essa tradição tribal se transformara em instrumento de defesa e ataque de bandidos. Na edição, ele incluiu três desenhos do n’golo, feitos por um artista de Natal com base na obra de Neves e Sousa. Os esforços conjuntos do pintor, do folclorista e do velho capoeirista para resgatar o vínculo ancestral ligando a capoeira a Angola acabaram dando resultado.Os desenhos originais de Neves e Sousa só foram publicados em 1972, num livro com o mesmo título da exposição de 1966. A epígrafe é significativa: “Digam o que disserem... Se Portugal foi o Pai do Brasil, Angola foi a Mãe Preta que o trouxe ao colo!” Reúne elaborados a partir dos esboços e aquarelas feitos no campo durante vinte anos, acompanhados de pequenos textos explicativos.Algumas imagens evidenciam semelhanças surpreendentes entre a capoeira e o n’golo, como o uso de golpes com os pés enquanto as mãos se apóiam no chão (chamado na capoeira de “meia lua de compasso” ou “de rabo-de-arraia”), muito raro em outras artes marciais. Recentemente, surgiram mais evidências desse parentesco. A viúva de Albano revelou esboços e aquarelas inéditos, que ilustram estas páginas. Eles mostram detalhes adicionais do n’golo: o apoio nos braços com uma perna dobrada e a outra esticada para dar um golpe, por exemplo, é idêntico à movimentação na capoeira. E a postura de defesa, com um joelho dobrado e outro esticado, é muito parecida com a “negativa” dos nossos capoeiristas. Como esses movimentos parecem existir somente em jogos de combate da diáspora dos povos bantos, permanece relevante o vínculo ancestral entre o n’golo e a capoeira brasileira.O livro de 1972 foi publicado numa pequena edição caseira e circulou pouco na época. Mas as imagens do n’golo – muitas vezes circulando via fotocópia de fotocópia – ficaram famosas entre os capoeiristas. O estilo de capoeira angola, que chegou a ser considerado em extinção na década de 1970, experimentou um extraordinário crescimento depois da morte de Mestre Pastinha. Uma nova geração de capoeiristas “angoleiros”, liderados por Mestre Moraes e o Grupo de Capoeira Angola Pelourinho – GCAP, revigorou o estilo a partir de 1982. Alunos mais antigos de Pastinha, como os mestres João Pequeno e João Grande, lembravam ocasionalmente a história do n’golo, mas não de maneira categórica, como seria feito por Moraes e seu grupo. O GCAP escolheu a dança da zebra como símbolo do estilo, porque representava bem a ancestralidade angolana da sua arte e também ia ao encontro das afirmações do movimento negro sobre a importância da cultura africana na formação do Brasil.A partir da década de 1990, o n’golo e as listras da zebra têm figurado nos logotipos e nos websites de muitos grupos de capoeiristas, assim como nas camisas e nos brindes distribuídos em seus eventos. Os detalhes fornecidos por Cascudo e os desenhos de Neves e Sousa, repetidos e reproduzidos inúmeras vezes,viraram referência obrigatória no meio. O n’golo acabou por transformar-se num mito de origem, numa “tradição ancestral”.No entanto, trata-se de um mito no mínimo questionável. Para começar, não foi transmitido pelos mestres africanos aos seus alunos brasileiros via tradição oral. Aceitar literalmente o mito implica, além disso, um tremendo anacronismo, ou seja: como pode uma manifestação documentada apenas no século XX ser “a origem” de uma capoeira que existe pelo menos desde o início do século XIX? Pensar que o n’golo teria sobrevivido inalterado desde a época do tráfico negreiro é ignorar as profundas mudanças pelas quais passaram as sociedades do território angolano nesse período.Surpreende que hoje, em Angola, o n’golo seja completamente desconhecido, assim como seu papel como mito fundador da capoeira. Devido à longa guerra civil que vitimou o país e todas as transformações das últimas décadas, ninguém mais dança, por exemplo, o n’golo de tchincuane (tanga de couro), como foi retratado por Neves e Sousa meio século atrás. Talvez o mais correto seja imaginar o n’golo e as outras lutas e jogos de combate ainda existentes na Angola contemporânea como primos mais ou menos distantes da capoeira brasileira. Findo o tráfico negreiro, as técnicas de combate corporal que existiam dos dois lados do Atlântico teriam evoluído em direções diversas, o que explicaria não só suas semelhanças, mas também suas tremendas diferenças.MATTHIAS RÖHRIG ASSUNÇÃO é professor de História na Universidade de Essex, Inglaterra, bolsista da CAPES em 2007 e autor de Capoeira. The history of an Afro-Brazilian martial art (Routledge, 2005).COBRA MANSA (CINÉSIO FELICIANO PEÇANHA) é mestre de capoeira angola e criador da Fundação Internacional de Capoeira Angola

terça-feira, 16 de junho de 2009

JOGADO DE CAPOEIRA

MENINO PRESTA ATENÇÃO NO QUE EU VOU DIZER O QUE EU FAÇO BRINCANDO VOCÊ NÃO FAZ NEM ZANGADO NÃO SEJA VAIDOSO E NEM DESPEITADO RODA DE CAPOEIRA PASTINHA JÁ ESTÁ CLASSIFICADO IÊ VIVA MEU DEUS

quinta-feira, 4 de junho de 2009

desenhos dos mestre da velha guarda




capoeira de angola
















desenhos de capoeira
















capoeira de angola


historias da capoeira

A capoeira na história
Press kit distribuído pelo Iphan situa a capoeira no espaço e no tempo
Assessoria de Imprensa do Iphan
A capoeira é uma arte multidimensional, um fenômeno multifacetado - ao mesmo tempo dança, luta, jogo e música - que tem na roda o ritual criado pelos capoeiristas para desenvolver esses vários aspectos. A arte apresenta registros documentais e iconográficos desde o século XVIII.
Na pesquisa ela é definida como um fenômeno urbano surgido provavelmente nas grandes cidades escravistas litorâneas, que foi desenvolvido entre africanos escravizados ligados às atividades “de ganho” da zona portuária ou comercial. A maioria dos capoeiras dessa época trabalhava como carregador e estivador, atividades muito ligadas à região dos portos, e muitos realizavam trabalho braçal.
Durante a República Velha, a capoeiragem era uma manifestação de rua, afro-descendente, e muitos dos seus praticantes tinham ligações com o candomblé, o samba e os batuques. A iniciação dos capoeiras nessas atividades acontecia provavelmente na própria família, no ambiente de trabalho e também nas festas populares. Ainda sobre o universo das ruas, estudiosos revelam que o cancioneiro da capoeira se enriqueceu dos cantos de trabalho, e que o trabalhador de rua, em momentos lúdicos ou de conflitos, também se utilizava dos golpes e movimentos da capoeira.

Reviravolta
Tanto no Rio, como em Salvador e Recife, o jogo surge na documentação histórica como prática associada à marginalidade social, porém amplamente presente na vida política das cidades e do país, na medida em que os capoeiras envolveram-se, por exemplo, em “capangagem” eleitoral e na Guerra do Paraguai. Eles mantinham, assim, relações ambíguas com as camadas dominantes, fazendo muitas vezes o serviço de cabos eleitorais, quando necessário, e em outras ocasiões, enfrentando abertamente os agentes da lei.
A partir de 1890, quando a capoeira foi criminalizada, através do artigo 402 do Código Penal, como atividade proibida (com pena que poderia levar de dois a seis meses de reclusão), a repressão policial abateu-se duramente sobre seus praticantes. Os capoeiristas eram considerados por muitos como “mendigos ou vagabundos”. Outras práticas afro-brasileiras, como o samba e os candomblés, foram igualmente perseguidas.
Já na década de 1920, com o apoio fundamental de intelectuais modernistas que procuraram reconstituir as bases ideológicas da nacionalidade, as práticas afro-brasileiras começaram a ser discutidas, e passaram a constituir um referencial cultural do país. Ao final dos anos 30 a capoeira foi descriminalizada e passou de um extremo a outro, a ponto de ser defendida por historiadores e estudiosos como esporte nacional, considerada a verdadeira ginástica brasileira. A manifestação já foi apontada como esporte, luta e folguedo, e era praticada por diferentes grupos sociais, principalmente a partir do século XX.
De Bimba e Pastinha à capoeira contemporânea
Os Mestres Bimba e Pastinha foram os responsáveis pela adaptação da capoeira aos novos tempos, de forma que ela pudesse sobreviver, e formaram inúmeros outros mestres ilustres, que continuaram suas linhagens. Na década de 50 estes últimos começaram a expandir a capoeira para outros locais do país e também do mundo.
Em 1937, a capoeira começou ser treinada como uma prática esportiva, e não apenas como uma “vadiação” de rua. Neste mesmo ano Mestre Bimba criou o Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia. A capoeira regional nasceu como forma de transformar a imagem do capoeira vadio e desordeiro em um desportista saudável e disciplinado. Ele criou estatutos e manuais de técnicas de aprendizagem, descreveu os golpes, toques, cantos, indumentárias especiais, batizados e formaturas.
Em seguida, Mestre Pastinha fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola , em 1941, e assim este estilo passou a ser ensinado através de métodos próprios.
A idéia da capoeira como arte marcial brasileira criou polêmica, pois era defendida por uns e criticada por outros, principalmente pelos angolanos, que afirmavam a ancestralidade africana do jogo.
Pastinha enfatizou o lado lúdico e artístico da capoeira, destacando os treinos de cantos e toques de instrumentos. Também ressaltou a necessidade da manifestação ser exercida em busca da integridade física e espiritual, e buscou na tradição conceitos centrais, como a malícia e a ilusão do adversário sempre que possível, para evitar movimentos mecânicos e previsíveis. Para ele a capoeira era um esporte, uma luta, mas também uma reza, lamento, brincadeira, dança, vadiagem e um momento de comunhão.
Estas iniciativas propiciaram o surgimento de outras academias e centros destinados a este fim. Constituiu-se então uma hierarquização na transmissão deste saber, e foram criados códigos de conduta a serem seguidos nas rodas e treinos (do vestuário às regras para tocar instrumentos, início dos treinos e até a forma de entrar na roda), estabelecendo-se assim uma metodologia de ensino.
Em São Paulo e no Rio de janeiro começaram a ser formados aqueles que se tornariam grandes grupos, com centenas e até milhares de alunos espalhados por diversos lugares do país e do mundo. Nestes locais prevaleceu o aspecto esportivo da capoeira, e esses novos grupos incorporaram elementos de angola e regional, criando um jogo mais rápido, acrobático e esportivo, menos ritualizado e mesclado a influências de outras artes marciais.
Outras características importantes do processo de institucionalização da capoeira como esporte foram a normatização, uniformização, adoção do sistema de graduação através de cordas ou cordões, e a fundação de federações e associações congregando grupos. Tais medidas consagraram o novo estilo denominado de “capoeira contemporânea”.

Volta ao mundo, camará!
A partir de 1970 a capoeira se expandiu em larga escala pelo Brasil. Em contradição a este processo de multiplicação de adeptos, os velhos mestres Bimba e Pastinha passaram por inúmeras privações, e a capoeira na Bahia atravessava uma fase de decadência. A angola, por exemplo, deve sua recuperação, em grande parte, à atuação de Mestre Moraes, aluno de Pastinha, a partir de 1980, com a fundação do Grupo Capoeira Angola Pelourinho, que fortaleceu sua prática na Bahia e a disseminou pelo centro-sul do país e no exterior.
Apesar do fluxo de capoeiristas para a Europa e EUA ter-se iniciado a partir de 1970, a princípio para a realização de shows, e em seguida para a formação de novos grupos nesses locais, foi a partir dos anos 1990 que o movimento da capoeira se intensificou, alcançando hoje o status de prática cultural realmente globalizada, e difundida em mais de 150 países. Esta expansão significa a possibilidade de congregar povos e propiciar o diálogo inter-cultural, mas por outro lado reflete a dura realidade, na qual os talentos natos no país não puderam obter o merecido reconhecimento e muitas vezes sequer sobreviver. No caso da capoeira, são emblemáticos os casos de Mestres Bimba e Pastinha, que mesmo hoje reverenciados como vultos culturais, morreram na miséria e ignorados pelo Estado. Mestre Bimba faleceu em 1974 em Goiás, em situação precária e longe da sua terra natal. Mestre Pastinha morreu pobre e cego num cortiço do Pelourinho, em 1981.
Capoeira e carnaval
Foi por meio dos “clubes de rua” que a capoeira do Recife se aproximou dos primeiros folguedos urbanos. Estas manifestações envolviam a massa de trabalhadores pobres na época do carnaval, entre os quais se destacavam os libertos e descendentes de escravos. Segundo pesquisadores, as origens dos passos do frevo vêm diretamente da capoeira de angola, que teria produzido através da dança guerreira angolana, em sua forma original, não somente o passo como também a pernada carioca.
Já no Rio de Janeiro a figura da capoeira foi sempre muito ligada à do malandro, personagem emblemático da cultura popular carioca a partir da década de 1920. No que se refere ao carnaval, há ainda um paralelo com a história da capoeira na cidade: a ginga dos capoeiristas teria influenciado o carnaval carioca através das danças do mestre-sala e porta-bandeira.
Salvador permaneceu no imaginário coletivo como berço e centro da capoeira, graças principalmente aos mestres Bimba e Pastinha. Apesar de afirmações como essas gerarem controvérsias e polêmicas a respeito da origem da capoeira, é correto afirmar que a capoeira baiana influenciou de forma decisiva o modo do jogo e sua prática desde 1920 no Brasil e no mundo.
As rodas
A roda de capoeira é a forma de expressão que permitiu o aprendizado e a expansão do jogo. Nela são encenados golpes e movimentos acrobáticos, cânticos antigos são reutilizados e outros inventados (acompanhados por uma orquestra de instrumentos que produz uma sonoridade múltipla e característica desta arte) e as trocas de conhecimento se estabelecem.
Momento determinante da prática da capoeira, a roda não pode ser ignorada. Seja na capoeira angola, regional, ou a que funde as duas vertentes, ela é um espaço de criação artística e performance cultural em que se realiza plenamente a múltipla dimensão da capoeira, daí a necessidade deste ritual também ser incluído no registro.
O processo de aprendizado
Três momentos históricos caracterizam o aprendizado da capoeira. A primeira fase destaca as formas de aprendizado existentes nos períodos de sua criminalização, do ano de 1890 até seu processo de descriminalização, em 1937. O aprendiz deveria se vincular diretamente aos mestres e praticantes. Para participar, o iniciante entrava na roda a partir da observação e da vivência de suas rotinas, já que o mestre não era um professor no sentido estrito da palavra. Este era o método de “oitiva”.
Em seguida, ocorreu o período de escolarização da capoeira, em que foram formadas as primeiras academias oficiais e institucionalizadas, destacando-se principalmente as vertentes da capoeira regional e capoeira angola. Nestas práticas formais de aprendizagem o vínculo entre o aprendiz e o professor era ligado às habilidades a serem desenvolvidas, cujos exercícios deviam ser repetidos de modo serial e não necessariamente dentro de um contexto histórico e ancestral.
E por último, houve o período que compreende a década de 1980 até os nossos dias, ou fase contemporânea da capoeira, em que podemos observar a proliferação de grupos, vertentes, e alunos pelo Brasil e pelo mundo.
É possível afirmar também que durante a sua longa história a capoeira vem se modificando, incorporando e abandonando algumas destas tradições de aprendizado e transmissão. Desta forma, estamos diante de duas tradições de ensino e aprendizado que atravessaram a história: o modelo da escola tradicional, voltado para a sistematização, racionalização e competição, em que o importante é o resultado do processo de aprendizado, e o modo inspirado na forma antiga de aprender, na qual a vadiação, a brincadeira e a estética tornaram-se a base.
Linha do Tempo
- A capoeira se desenvolveu no Brasil provavelmente no século XVIII
- Mal vista pelas autoridades, a partir de 1890 foi criminalizada e chegou a ser incluída no Código Penal como atividade proibida. Os capoeiristas passaram a sofrer dura perseguição e repressão policial.
- A partir da década de 1920 a prática começou a ser descriminalizada e com o apoio de intelectuais e historiadores passou a ser considerada um legítimo esporte brasileiro.
- Mestre Bimba fundou sua academia e deu início ao estilo chamado de Capoeira Regional em 1937. Foi neste ano que se consolidou a descriminalização desta arte. Ele fez uma apresentação para o presidente Getúlio Vargas em 1954, ocasião em que o estadista teria se referido à capoeira como único esporte genuinamente nacional.
- Em 1941, Mestre Pastinha abriu o seu centro esportivo e disseminou o estilo denominado Capoeira Angola.
- Uma grande leva de capoeiristas chegou ao Rio por volta de 1950 oriundos da Bahia. O mais importante deles foi Mestre Arthur Emídio, que trouxe um estilo de capoeira diferente, de movimentação veloz e marcialmente eficaz, mas que mantinha orquestração musical. Ele também realizava apresentações folclóricas, e chegou a lutar nos ringues com os jiu-jitsukas da família Gracie para difundir a capoeira. Emídio foi provavelmente o primeiro capoeirista a viajar para o exterior, e chegou a se apresentar para os presidentes brasileiros Vargas e Kubitschek, e para os norte-americanos Eisenhower e Kennedy.
- Ainda na década de 50 a capoeira passou a ser retratada e divulgada por artistas como Jorge Amado, Carybé e Pierre Verger, entre outros. Nos anos seguintes, entre 60 e 70, ganhou espaço também nas produções artísticas do Cinema Novo, Tropicália e Bossa Nova.
- Em 1975 o esporte chegou a Nova York, e em 1990 Mestre João Grande inaugurou a primeira escola de capoeira angola dos EUA: Capoeira Angola Center. Em 2001 ele recebeu uma alta homenagem do governo dos EUA, além de ser nomeado como doutor honoris causa por uma universidade de Nova Jersey, o Upsala College, em 1994. Antes disso, ele havia abandonado a capoeira e estava trabalhando como atendente num posto de gasolina em Salvador.
- Atualmente a capoeira está presente em mais de 150 países, atraindo praticantes e estudiosos dos cinco continentes do planeta. Sua globalização, feita sem incentivo governamental, ocorreu devido às viagens dos capoeiristas, considerados por muitas autoridades e adeptos como “embaixadores informais” da cultura brasileira.
Saiba mais:

Maestria reconhecida

MESTRE PAULO DOS ANJOS

Historia da ACANNE
Recado do Mestre Linhagem da ACANNE Ilhe de Maré Mestre Renê na África Mestre Renê no Japão Mestre Paulo dos Anjos
Mestre Paulo dos Anjos
Mestre Paulo dos Anjos nasceu em Instância, pequena cidade situada no estado de Sergipe, no dia 15 de agosto de 1936. Ainda criança, mudou-se para a Bahia onde precisou começar a trabalhar muito jovem em conseqüência da morte precoce do seu pai. Por ser o mais velho dos seus irmãos, assumiu a responsabilidade de ajudar a criá-los, juntamente, com sua mãe. Em salvador, começou a praticar boxe. Posteriormente, conheceu Mestre Canjiquinha, com quem se iniciou na capoeira.
Com seu estilo próprio de cantar as músicas da capoeira angola, era venerado por todos, pois tinha uma “orquestra” em sua garganta. Sua forma de jogar capoeira, que ajudava a manter viva a sagacidade do seu mestre, era apreciada por todos os outros mestres.
Preocupado com o rumo da capoeira angola, nos anos 60 do século passado, Mestre Paulo dos Anjos resolveu ir para São Paulo com o propósito de transmitir os ensinamentos do seu mestre, deixando as rodas de capoeira da Bahia sentindo falta de um dos seus mais importantes ancestrais.
Mas ele foi pouco compreendido e encontrou bastante dificuldade em manter viva a tradição da capoeira angola. Assim, voltou à Bahia, reuniu seus discípulos e comunicou-lhes a sábia decisão de que, daquele momento em diante, iria trabalhar com crianças carentes, usando a capoeira como veículo contra a ignorância e o descaso.
Dessa forma, Mestre Paulo dos Anjos foi um dos primeiros a acreditar que, através da capoeira, seria possível formar cidadãos críticos e criativos que aprendessem a pensar, interagindo de forma positiva com o mundo no qual estão inseridos.
Mestre Paulo dos Anjos nos deixou no dia 26 de março de 1999.
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quarta-feira, 3 de junho de 2009

MESTRE PASTINHA

MEU SENHOR MINHA SENHORA POR FAVOR ME DÊ LICENÇA PRA EU CONTA MINHA HISTÓRIA (BIS) MESTRE PASTINHAAAAAAA FOI O REI DA CAPOEIRA DE ANGOLA EM SALVADOR . ME ENSINA MESTRE O QUE OS AFRICANO TE ENSINOU. IÊ VIVA MEU DEUS.





MESTRE CANJIQUINHA


EU CONHECI MESTRE BIMBA CONHECI CANJIQUINHA TAMBÉM SEU MARÉ É... É. CAPOEIRA É PRA HOMEM MENINO E MULHER É.. É


MESTRE CANJIQUINHA VELHO MESTRE RESPEITADO (BA)